Entrevista Paulo Roberto Cunha

Entrevista
‘Parece até que virei uma fera. Briguei com Marconi, Meirelles e Iris’ Paulo Ro



A o completar 66 anos, o prefeito de Rio Verde, Paulo Roberto Cunha (PP) afirma que nunca traiu ou fugiu de seus princípios. "Parece até que eu virei uma fera. Já briguei com Marconi, Meirelles e Iris. Na política existem momentos em que você não concorda com as ações dos outros. É preciso saber o que houve do outro lado para que eu tivesse esse tipo de reação. Eu já passei muita decepção em alguns amigos, mas nunca traí e nunca fugi dos meus princípios," afirmou em entrevista a Tribuna do Planalto, na madrugada do último dia 4 durante café da manhã em comemoração ao seu aniversário. O horário do evento é reflexo da agenda de Paulo Roberto Cunha, que está lotada de eventos. Como não disputará nenhum cargo em outubro, ele se dedica a um calendário de inaugurações de obras. Em defesa à candidatura de Leonardo Veloso, o atual prefeito também afirmou que lutará "para que Rio Verde obtenha crescimento sustentável e para que a cidade não sofra novamente com administradores desastrados, como já ocorreu no passado". Ele aproveitou também para negar qualquer aproximação de Veloso com seus adversários tucanos Padre Ferreira e Marconi Perillo.

Fernando Machado,
De Rio Verde



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O governador Alcides Rodrigues poderá subir em dois palanques na campanha em Rio Verde?
Essa decisão é muito pesada para o governador Alcides Rodrigues. Ele vai ter que fazer uma escolha realmente. Eu, Paulo Roberto, não vou criar inibições para ele, mas também não vou deixar de lutar para que o sucessor seja o nosso candidato porque ele já tem plena noção daquilo que está sendo feito atualmente e sabe perfeitamente os caminhos que Rio Verde está percorrendo. Leonardo Veloso já possui um relacionamento consistente em Goiás e em nível federal, o que é muito útil para nós.

Se a base aliada se unir em Rio Verde, o sr. irá subir no palanque com Padre Ferreira e Marconi Perillo?
'Se' é uma palavrinha pequena, que só tem duas letras, mas isso faz uma diferença enorme. Isso que você falou está muito longe ainda. Vou lutar para que Rio Verde obtenha crescimento sustentável e para que a cidade não sofra novamente com administradores desastrados, como já ocorreu no passado. Não desejo de forma alguma que o próximo prefeito passe pelas dificuldades que eu passei. Eu tive praticamente de reconstruir a prefeitura. Nós temos uma equipe que já mostrou que trabalha e que tem capacidade para melhorar a vida da população.

Como o sr. avalia a tentativa do Leonardo Veloso de se aproximar do PSDB?
Ainda não vi nada disso. Vocês da imprensa têm essa mania de tentar criar impactos que não existem. Ele não disse para ninguém que procurou essa aliança.

Ele fez essa afirmação em uma entrevista a Tribuna do Planalto...
Nada disso. Em verdade, ele tem sido procurado, sim. Mas é uma decisão que cabe a ele. Ele que é o candidato.

Qual seria a sua participação em um eventual governo de Leonardo Veloso?
Eu continuarei observando. Eu estarei presente no momento em que eu for solicitado, mas ele terá toda liberdade. Esse é meu costume, o meu jeito de trabalhar. Foi assim que eu trabalhei na Comigo e nas outras funções que eu exerci na minha vida pública. Acho que ninguém é obrigado a ficar pregado em uma cadeira. Tenho certeza de que, se ele realmente assumir, Rio Verde estará em boas mãos.

Existe consenso dentro da Comissão Provisória do PP para homologar a candidatura de Veloso na convenção?
Eu acho muito salutar e democrático quando outros também se apresentam. É muito importante que isso aconteça. Isso mostra a vida e a força do partido e de seus membros. Talvez a forma com que alguns membros tenham colocado suas pré-candidaturas não tenha sido a mais adequada. É um arroubo que as pessoas têm, com a vontade de participar e, muitas vezes, sem saber muitas vezes como fazer.

O sr. poderá assumir um cargo no governo de Goiás?
Essa é uma pergunta que somente o tempo poderá responder. Vou continuar ajudando as pessoas que me ajudaram a administrar Rio Verde com a responsabilidade que a população reconhece. Eu me sinto bastante responsável pelo futuro dessas pessoas. Muitos abandonaram suas atividades para me acompanhar. Então, eu tenho de estar com elas para que não sejam prejudicadas no futuro.

Qual é o desenho que já existe para a sucessão estadual? Henrique Meirelles, a quem o sr. diz ter se arrependido de apoiar para deputado federal, e Marconi Perillo, com quem teve atritos...
Parece até que eu virei uma fera. Já briguei com Marconi, Meirelles e Iris. Na política existem momentos em que você não concorda com as ações dos outros. É preciso saber o que houve do outro lado para que eu tivesse esse tipo de reação. Eu já passei muita decepção e muitos amigos, que me acusam de brigar muito, mas não vão saber o motivo. Nunca veja somente um lado. Na prefeitura, tenho esse hábito de ouvir os dois lados quando tem alguma acusação. Eu já passei muita decepção em alguns amigos, mas eu nunca traí e nunca fugi dos meus princípios.

Qual será o principal desafio do próximo prefeito de Rio Verde?
A Prefeitura de Rio Verde se estruturou muito nos últimos anos. Eu confesso que tinha esperança de consolidar o sistema educacional e a nossa saúde, mas investimos muito em infra-estrutura, de modo que faltará muito pouca coisa para o próximo prefeito. Tivemos grandes avanços na educação, tanto no ensino fundamental quanto no superior. Melhoramos também a assistência aos idosos, informatizamos a prefeitura e estamos dando conforto e segurança para a nossa população.

E para a zona rural?
Fizemos muitas estradas na zona rural e demos estrutura para as principais vias. Com as máquinas que adquirimos e os equipamentos que o próximo prefeito adquirir, a zona rural poderá ser asfaltada, o que irá baratear o frente e garantir ao produtor mais recursos incorporados à sua receita. Nós ultrapassamos a marca de 2 milhões de metros de asfalto e queremos recapear mais 600 mil metros. Nos últimos anos, a cidade ganhou mais 40 mil habitantes e cerca de 30 mil veículos. Quando eu assumi, a prefeitura tinha apenas um computador. Hoje são mais de duas mil máquinas e queremos ver se disponibilizamos internet para toda a população. São avanços fortes. Se Deus quiser, não vai haver interrupção. O próximo prefeito precisará estar organizado para continuar o trabalho. Tribuna do Planalto 2008